Residência multiprofissional em saúde: 4 coisas que você não aprende na graduação

1. Relacionamento interpessoal na residência multiprofissional

Na faculdade de Biomedicina, aprendemos principalmente sobre o corpo humano e os micro-organismos. Ou seja, aprendemos as habilidades técnicas (hard skills) mas não somos ensinados ou, pelo menos, incentivados, a desenvolver e melhorar nossas habilidades comportamentais (soft skills).

No(s) estágio(s) durante a faculdade, a gente pode ter uma mínima amostra de como é o relacionamento interpessoal no mercado de trabalho.

Mas, na residência multiprofissional é diferente, pois há uma carga horária maior e tudo se torna muito intenso.

Quando entramos, principalmente se for logo após o término da graduação, somos impactados com as diferenças entre os profissionais do local em que vamos trabalhar.

Entramos em contato com pessoas com décadas de experiência na profissão, outras com o nível de escolaridade menor, como os técnicos e auxiliares, outras com cargo de chefia etc. Pessoas alegres, pessoas sérias, pessoas extrovertidas, pessoas tímidas, pessoas maduras e outras nem tanto.

Além disso, em hospitais universitários, a rotatividade de pessoas é muito grande. Estagiários, internos e residentes vêm e vão.

Você chega, mais um novato na área, e todos sabem que será temporário.

Então, muitos profissionais efetivos daquele local podem não querer ou têm dificuldade em criar vínculos ou estão cansados de ensinar as mesmas coisas ou não têm facilidade em ensinar.

Por isso, é importante aprender a lidar com cada tipo pessoa ao seu redor, levando em consideração seu temperamento, personalidade etc. Tem que ser muito flexível e não levar para o lado pessoal.

Claro, nem tudo é perfeito e momentos de tensão ou desentendimentos podem surgir. Mas, é importante ter em mente que manter bom relacionamento interpessoal com todos é fundamental.

E isso não aprendemos na graduação.

2. Trabalhar com outros profissionais de saúde na residência multiprofissional

Na residência multiprofissional, como o nome sugere, entramos em contato com profissionais das mais diversas profissões de saúde.

Trabalhamos junto com médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais etc.

Uma grande vantagem disso é ter uma visão mais geral de como cada profissão funciona, como é a atuação do profissional e como elas se interligam para beneficiar o atendimento do paciente.

Na graduação em Biomedicina, isso não é tão comum. Geralmente, ficamos restritos à nossa profissão e atuação, principalmente dentro do laboratório.

Portanto, não é natural para um biomédico saber lidar tão bem com outros profissionais da saúde.

A residência multiprofissional é uma oportunidade para aprender a trabalhar com outras profissões fora do laboratório, o que enriquece muito a experiência profissional e pessoal.

Residência multiprofissional em saúde: 4 coisas que você não aprende na graduação

3. Maior empatia pelo paciente

Na graduação de Biomedicina, aprendemos principalmente sobre análises de amostras biológicas. Trabalhamos com tubos, substâncias, amostras, aparelhos etc.

E, embora haja avanços na estética e acupuntura, a parte laboratorial ainda é o que prevalece na nossa profissão.

Isso significa que temos mais contato com as amostras dos pacientes do que com os próprios pacientes, o que pode nos fazer perder um pouco da noção de que estamos lidando com pessoas reais que são amadas, que têm problemas etc.

Na residência multiprofissional, no entanto, temos uma associação maior entre as amostras e os pacientes, já que muitas vezes visitamos os pacientes nas clínicas ou ambulatórios e, às vezes, prestamos atendimento específico.

Isso nos faz lembrar constantemente da importância do paciente e de que ele não se resume apenas àquela amostra.

Com isso, elevamos as análises feitas e laudos liberados para outro nível.

4. Conteúdo avançado sobre uma área

Como sabemos, a residência multiprofissional é uma pós-graduação e sua grande vantagem é o aprofundamento em um conhecimento específico, tendo contato com tecnologias modernas.

No meu caso, fiz residência multiprofissional em Hematologia e Hemoterapia e aprendi em dois anos de residência (mais de 5000 horas) coisas que nunca teria aprendido em nenhum curso de graduação de Biomedicina no Brasil.

Como mencionei em outro post, a experiência prática é muito importante e, com a residência, adquirimos um conhecimento avançado e aprofundado em determinada área, o que ajuda a nos tornarmos especialistas num assunto específico.

Na graduação, aprendemos o básico geral de várias matérias e assuntos diferentes, enquanto na residência multiprofissional, nos especializamos em uma dessas áreas, aprendendo detalhes e especificidades que não teríamos nem tempo para estudar na graduação.

Portanto, fazer uma especialização, especialmente uma residência multiprofissional, é muito importante.

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Brunno Câmara – Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas – UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (área de concentração: virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
| Contato: @biomedicinapadrao |

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